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Longe da Vista me Vai

by Xarabanda

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1.
Moro na beira da rocha numa casinha terreira não posso dormir de noite c'a zoada da ribeira não tem falta de brindeiros quem tem a sogra pauleira quem compra nabos em sacos? Eu não caio nessa asneira você diz que é tarde eu digo que é cedo vai à Serra d'Água comprar um bezerro fui à Serra d'Água comprei um boi branco comprei por dez reis vendi outro tanto eu 'tava doente mas já me levanto não posso cantar mas agora canto
2.
Longe da vista me vai a minha linda nação madrinha, a sua benção madrinha, a sua benção ai, se me vires dar às velas não te ponhas a chorar bem sabes que dar às velas é dar pano e caminhar ai, as pedrinhas do calhau amanhecem serenadas as meninas dos teus olhos para mim foram criadas ai, quem me vir aqui cantando pensará que estou alegre tenho o coração mais triste do que a tinta que se escreve ai, qu'o meu pai já foi barqueiro leva-me contigo ao mar qu'as ondas do mar são bravas um dia hei-de amansar ai, a travessa é comprida o pior é o bocarão bem sabes qu'o mar do Norte faz bewiguinhas na mão longe da vista me vai a minha linda nação
3.
Eu venho cantar os reis à porta do meu vizinho para que me abra a porta quero ver o Deus Menino para que me abra a porta quero ver o Deus Menino Todos nós sabemos também vós sabeis do dia cinco para o dia seis todos nós sabemos também vós sabeis que é nesta noite que se canta os reis já vejo a porta aberta já vejo a luz a brilhar peço licença ao vizinho se dá licença de entrar por favor peço ao vizinho se dá licença de entrar
4.
5.
Corre , corre ó lindo anel Corre, corre sem parar Onde está, onde se encontra? Quem no pode adivinhar? Quem no pode adivinhar? Sim, quem no adivinhou? Vai correndo ó lindo anel Que da minha mão passou
6.
ó ladrão, larga a menina, ó ladrão que a menina não é tua se eu fosse o dono da casa, ó ladrão punha-te no meio da rua se o mar tivesse varanda, ó ladrão eu ia com minha mãe como o mar não tem varanda, ó ladrão eu não vou nem ela vem ei o papel ao vento, ó ladrão, pelo ar perdeu a cor perderes de vista, ó ladrão não me percas o amor a praia do Porto Ssanto, ó ladrão é comprida e tem areia no meio tem uma roda, ó ladrão onde o meu amor passeia quando passei, ó ladrão, ó ladrão ó, como a noite brilhava e a lua minha madrinha, ó ladrão que no céu me aluminava ó miha mãe olha aquele, ó ladrão que me quer levar p'rá rua ó ladrão larga menina, ó ladrão que ela é minha e não é tua
7.
ih! quando o meu pai morreu ih! oh lá li lá lé lá ih! minha mãe m'abandonou ih! q'ria q'eu chamasse pai ih! oh lá li lá lé lá ih! ao amante q'ela 'rranjou
8.
‘tava o rei no seu palácio, com sua felha à janela cande passa o Rico-Franque – E ai que linda, quem ma dera. - Ê nã dou a menha filha, nem a conde nem a marquês, só darei pelo denheire que nã se contasse num mês. Há instantes no palácio, lágimas de três em três: - Se chore por pai e mãe, tu nunca mais tu nos vês; se chore por tês irmãos, já nui matei todos três - Não chore por pai nem mãe, qu’inda hoje o irei ver; choro e à menha ventura, qu’eu não sei cuma vai ser. - Sua ventura, senhora, ê bem poderei dizer: é sentada numa almofada a fiar ou a tecer, recostada nos meus braços que melhor não pode ser - Menha ventura é essa, muite gostei de saber. E o palácio do mê pai eu inda hoje o irei ver. Impresta-me o teu punhal, o teu punhal inglês, qu’eu quero cortar as fitas do laço, qu’a menha mãe fez; que d’ua faç’ em duas e de duas faç’ em três Rico- Franco, dde leale, à mão le foi entregar. Ela de falsa traidora pa’ o Rico-Franco matar. - Fica-te aí, Rico-Franco, alguém há-de te interrar. - Ande, vindes, menha felha, que vens tão insaguentada? - Eu matei o Rico-Franco, que me luvava enganada. - Menha felha, s’assim foi tu serás abençoada. No palácio do teu pai tu inda hoje serás c’roada. - Meu felho, bem t’avisei. Meu felho, bem te avisava qu’essas andadei de noite nã te davu baua fada. Perde quem anda de noite, ganha quem anda de dia, perd’ aqueles que tem anores, ganha quem dele se desvia.
9.
- Esta noite que passou, dormi co’ ua linda dama Era mai’ linda que o Sol, mai’ linda que o próprio dia Também a cintura dela dentro de ua mão cabia. Os soldados que ali ‘tavam saíram todos à rua Quem seria, quem seria, quem seria, quem será? Foi a dama Galanducha, foi a dama Galanducha Que outra mais linda não há, que outra mais linda não há. O pai que aquilo ouviu, mandou-na logo chamar Para fechá-la num quarte, para mandá-la queimare. Ia pela escada fora, muito cheia de pesare - Quem me dera agora, aqui, ua pessoa leale Que me levasse esta carta, ai, ao Conde de Montalvar! A fortuna dela é toda em uma velha ali chegare. - ‘tou aqui minha menina, do que mim precisares - Pega lá esta cartinha, cartinha de Montalvar - Entrega ao Sant’ António, que ele é que vai carregar - Se ele ‘tiver jantande faça favor de esperar Se ele ‘tiver passeande velhinha vai entregar A fortuna dela toda é ele ‘tar a passar - Pegue lá esta cartinha ao Conde de Montalvar. Conde pô’-se a ler a carta, Conde pô’-se a suspirar - Não me importa que a queime nem que deixe de queimar Que me pisa há sanguo meu que nesse ventre vai levar Ponha-me nesses cavalos e ponha-me nestes cavalos Viaje de nove dias em três dias e hái-de dar. Ele ia por o caminhe, ele ia por o caminhe A justiça o encontrar, a justiça o encontrare - Ah! Senhor da justiça faça o favor de esperare Essa menina que vós leve ‘inda vai por confessare Confessa minha menina, sabe bem por confessare No meio da confissão, um beijinho hái-de dare. - Ande conde pôs seu beiço, ande conde pôs seu beiço Não toca beiço de frade, não toca beiço de frade. - Confessa minha menina, sabe bem p’ r o confessar Se nã teve outres amores senão o Condo Alvar Eu não tive outres amores, não devia de tomar Por causa desse ingrato homa mê pai me manda queimar - Confessa minha menina, sabe bem por confessar No meio da confissão um abraço me vai dar - Ande Conde pôs seus braços, ande Conde pôs seus braços Não toca braço de frade, não toca braço de frade. Confessa minha menina sabe bem p’ r o confessar Se não teve outros amores Senão Condo Alvar - Eu não tive outros amores, não devia de tomar Por causa desse ingrati homa meu pai me manda queimar - Esta menina é minha, que encargo de conciença Que me custou acriadá-la, que encargo de conciença.
10.
- Oh! Meu Deus, qu’ ê já sou velho e as guerras me matarão! Responde a filha mais velha do seu leal coração: - Dê-me armas e cavalos p’rá guerra de D. João - E ó filha, tu não vás qu’ eles conhecer-vos vão, Que tens os cabelos grandes, eles conhocer-vos vão - Pegarei numa tesoura deit’ os cabelos ao chão - E ó filha, tu não vás qu’ eles conhecer-vos vão Que tu tens seios grandes, eles conhocer-vos vão. - Mando fazer um colete, que ajusta meu coração. - E ó filha, tu não vás qu’ eles conhecer-vos vão, Que tu tens pés pequenos, eles conhecer-vos vão - Mando fazer umas botas do mais fino cordavão. - E ó filha, tu não vás qu’ eles conhecer-vos vão Que tens os olhos bonitos, eles conhocer-vos vão. - Quando eu passar pelos homens, meto os meus olhos ao chão. - Os olhos de D. Martinho, senhora mãe, matar não Que o corpinho será d’homem e os olhos de mulher são. - Convidai-a a vós, meu filho, para contigo dormire Que s’ ela fore mulher, nã no s’ há-de consentire. D. Martinho de padre mestre seu criado lhe mandou - Convidai-a vós, meu filho, para o jardim passeare Que s’ ele fore mulher às rosas se vai apagare. - Lindas rosas para as moças oh! Quem nas fosse luvare. - Lindos cravos para os homens para na guerra cheirare. - Os olhos de D. Martinho, senhora mãe, matar não Q’ o corpinho sará d’homem e os olhos de mulher são. - Convidai-a vós, meu filho, para contigo jantare Que s’ ele fore mulher, o mais baixo vai-se sentare. D. Martinho, de padre mestrei, no mais alto se sentou. - Convidai-a vós meu filho, par’ ao mar ir a nadare Que s’ ele fore mulher, vai-se sentar a chorarre. ‘tava desatando um sapato, começou logo a chorare. - O que tendes, D. Martinho, que novas ‘tão a chegare? - São novas da minha terra, q’ o meu pai é falecido. - Sete anos fui soldado, ah! Sete andei na guerra, Se queres casar comigo, vamos para a minha terra. Fui conhecida na guerra pelo filho de um capitão. Conhecida pelos olhos e por outra coisa não.

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released January 1, 1994

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