1. |
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os senhores que me escutem
eu agora vou contar
meia dúzia de mentiras
novos casos de pasmar
era eu homem para tudo
eu ia a todo lugar
e fiz o que ninguém fez
vi o que não há sonhar
onde o mundo acaba
fui uma vez eu parar
o que lá me aconteceu
ninguém pode adivinhar
em terra colhi sardinhas
e rosas pesquei no mar
encontrei um pessegueiro
grandes maçãs a criar
e quando voltei os olhos
tinha ameixas a vergar
assubi a riba dele
com marmelos vou topar
chega o dono da terra
por figos a perguntar
respondi que eram pepinos
que eu estava a apanahr
dando-lhe eu o salve deus
ele salta a praguejar
a querer que eu lhe pague em dinheiro
que eu não quero comprar
mas logo lhe dei o troco
antes do preço pagar
atirei-lhe com um assopro
uma pedra lhe foi dar
deu-lhe a pedra na canela
mas quebrou o calcanhar
ele foi quem apanhou
eu quem rompeu a gritar
a justiça de el-rei veio
começou a devassar
é agora o mentir
testemunhas vão jurar
juraram que eu fui roubado
que viram outrém furtar
o queixoso ficou preso
e eu fiquei a folgar
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2. |
Chama Rita (Camacha)
04:31
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3. |
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menina que está na janela
de seu cabelo rifado
diga lá minha menina
porque não se tem casado
é verdade sim senhor
que nisso lhe acho razão
rapazes eu tenho tido
nenhum da minha feição
menina desça cá abaixo
embrulhe-se em meu capote
vá perguntar ao papá
o que tem para seu dote
o meu pai já me deu
agora não me dá mais
que só minh boniteza
dá pró dote dm rapaz
se a menina pensa nisso
vá procurrar outro dono
que eu cá quero é patacas
da boniteza não como
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4. |
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obarco vai de vela
o trabalho é do arrais
ele vai com a mão na escota
o barco desanda mais
hum....
ó barco que vais e vens
leva-me p'rá minha terra
quero apgar o que devo
àquela moça donzela
hum...
o sagrado mar me disse
que fosse marinheiro
em cima das suas ondas
se ganhava bom dinheiro
hum...
raparigas não te fies
em palavra de rapaz
é como a areia miúda
que o mar leva já não traz
hum...
tenho barco tenho remos
tenho sardinha no mar
quem tem a mulher bonita
não faz míngua trabalhar
hum...
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5. |
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uito chorei eu
no domingo à tarde
aqui está meu lenço
que fala a verdade
ó seu ladrão
seu ladrão manjerico
não queiras ficar
na praia sozito
na praia sozito
não hei-de ficar
eu hei-de ir à roda
escolher o meu par
o meu par
eu já sei quem é
é um rapazinho
do meu coração
chamado José
chamado João
é um rapazinho
do meu coração
não te quero a ti
nem a ti também
só te quero a ti
anda caá meu bem
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6. |
Mourisca (Santa Cruz)
04:31
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ainda me lembra do tempo
quando jogava ao pião
hei-de amar esses teus olhos
amor do meu coração
linda cara tem Maria
lindos olhos para amar
linda boca para dar beijos
lindo corpo para abraçar
os meus olhos de chorarem
já nenhuma graça têm
já tenho dito aos meus olhos
que não chorem por ninguém
ah minha mãe, minha mãe
ah minha mãe, minha amada
quem tem uma mãe tem tudo
que não tem mãe não tem nada
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7. |
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Trigo loiro, trigo loiro
empresta-me a tua cor
entre o cálice e a hóstia
servir a Nosso Senhor
fui ceifar ao Porto Santo
às searas amarelas
as moças de lá me deram
fitinhas para as gavelas
fui ceifar ao Porto Santo
pela beirinha do mar
fui casada vim solteira
quem me dera lá voltar
esse trigo é bom trigo
a espiga que dá é grossa
casai comigo menina
chamai a seara nossa
vamos apanhar o trigo
e escolher o morrão
para fazer uma rosquilha
para oferecer ao ceifão
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8. |
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as mulatinhas do rio
vão passear a Larano
só no punho da camisa
traz vara e meia de pano
andai boizinhos de Deus, andai, lavrai
as mulatinhas do rio
foram ao mar se lavar
acharam as águas frias
não se quiseram lavar
andai boizinhos de Deus, andai, lavrai
minha avó mais meu avô
foram-se lavar ao mar
ambinhos numa pedrinha
sem aguinha lhes tocar
andai boizinhos de Deus, andai, lavrai
minha avó mais meu avô
foram-se lavar à bica
a falta que o pobre tem
o rico não acredita
andai boizinhos de Deus, andai, lavrai
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9. |
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eu fui lá plantar semilhas
ao sítio da Maloeira
e de lá trouxe o boizinho
que me andava na feiteira
quem era o dono do boizinho
era o Manuel da Fajã
para amarrar o boizinho
foi com um atilho de lã
trouxe o boizinho para o palheiro
o palheiro deitou-lhe ao chão
ao cabo de quinze dias
já tocava na armação
fui-lhe arrumar os adubos
mas o praga nem deixava
cheguei-me prá manjedoura
aquilo é que era cabeçada
a cama que o boi dormia
era feita de carqueja
para o boi dormir a seu gosto
para não desgraçar a moleja
e lá vendi o boizinho
para o sítio da Madalena
mas para sacar o boi
foi sacado por empena
o que pegava a cabeça
era o mesmo criador
era das canelas tortas
tinha jeito e calor
o boi chegou ao caminho
e boi começou a urrar
e diz o que vai ao rabo
se ele morde eu vou largar
diz o que vai à cabeça
deixa-me o boi caminhar
quando o boi chegou à Câmara
os senhores da Câmara
que vieram à janela
e lhe apalparam o bilhar
que fazia era os senhores
forte carne para assar
mas o animal está vivo
não se lha pode tirar
levei o boi para o calhau
amarrei-o no socairo
veio todo o mundo ver
aquele grande tremedairo
quando ele foi para bordo
foi mesmo em pé na canoa
e quando chegou a bordo
chegava da popa à proa
quando chegou à cidade
já a cidade estremecia
deram peças de combate
e foguetes de alegria
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10. |
Encrenca (Porto da Cruz)
02:55
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11. |
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nevoeiro, nevoeiro
prendeste-me o meu cordeiro
vai-te embora nevoeiro
que o cabeço é o teu poleiro
vai-te embora nevoeiro
por as montanhas além
vai-te embora nevoeiro
que eu quero ver o meu bem
vai-te embora nevoeiro
numa rua sem saída
por causa do nevoeiro
a quase que perdi a vida
vai-te embora nevoeiro
nem sequer te posso ver
pre me de ti nevoeiro
estive arriscado a morrer
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