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Sete D​ú​zias de Mentiras

by Xarabanda

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1.
os senhores que me escutem eu agora vou contar meia dúzia de mentiras novos casos de pasmar era eu homem para tudo eu ia a todo lugar e fiz o que ninguém fez vi o que não há sonhar onde o mundo acaba fui uma vez eu parar o que lá me aconteceu ninguém pode adivinhar em terra colhi sardinhas e rosas pesquei no mar encontrei um pessegueiro grandes maçãs a criar e quando voltei os olhos tinha ameixas a vergar assubi a riba dele com marmelos vou topar chega o dono da terra por figos a perguntar respondi que eram pepinos que eu estava a apanahr dando-lhe eu o salve deus ele salta a praguejar a querer que eu lhe pague em dinheiro que eu não quero comprar mas logo lhe dei o troco antes do preço pagar atirei-lhe com um assopro uma pedra lhe foi dar deu-lhe a pedra na canela mas quebrou o calcanhar ele foi quem apanhou eu quem rompeu a gritar a justiça de el-rei veio começou a devassar é agora o mentir testemunhas vão jurar juraram que eu fui roubado que viram outrém furtar o queixoso ficou preso e eu fiquei a folgar
2.
3.
menina que está na janela de seu cabelo rifado diga lá minha menina porque não se tem casado é verdade sim senhor que nisso lhe acho razão rapazes eu tenho tido nenhum da minha feição menina desça cá abaixo embrulhe-se em meu capote vá perguntar ao papá o que tem para seu dote o meu pai já me deu agora não me dá mais que só minh boniteza dá pró dote dm rapaz se a menina pensa nisso vá procurrar outro dono que eu cá quero é patacas da boniteza não como
4.
obarco vai de vela o trabalho é do arrais ele vai com a mão na escota o barco desanda mais hum.... ó barco que vais e vens leva-me p'rá minha terra quero apgar o que devo àquela moça donzela hum... o sagrado mar me disse que fosse marinheiro em cima das suas ondas se ganhava bom dinheiro hum... raparigas não te fies em palavra de rapaz é como a areia miúda que o mar leva já não traz hum... tenho barco tenho remos tenho sardinha no mar quem tem a mulher bonita não faz míngua trabalhar hum...
5.
uito chorei eu no domingo à tarde aqui está meu lenço que fala a verdade ó seu ladrão seu ladrão manjerico não queiras ficar na praia sozito na praia sozito não hei-de ficar eu hei-de ir à roda escolher o meu par o meu par eu já sei quem é é um rapazinho do meu coração chamado José chamado João é um rapazinho do meu coração não te quero a ti nem a ti também só te quero a ti anda caá meu bem
6.
ainda me lembra do tempo quando jogava ao pião hei-de amar esses teus olhos amor do meu coração linda cara tem Maria lindos olhos para amar linda boca para dar beijos lindo corpo para abraçar os meus olhos de chorarem já nenhuma graça têm já tenho dito aos meus olhos que não chorem por ninguém ah minha mãe, minha mãe ah minha mãe, minha amada quem tem uma mãe tem tudo que não tem mãe não tem nada
7.
Trigo loiro, trigo loiro empresta-me a tua cor entre o cálice e a hóstia servir a Nosso Senhor fui ceifar ao Porto Santo às searas amarelas as moças de lá me deram fitinhas para as gavelas fui ceifar ao Porto Santo pela beirinha do mar fui casada vim solteira quem me dera lá voltar esse trigo é bom trigo a espiga que dá é grossa casai comigo menina chamai a seara nossa vamos apanhar o trigo e escolher o morrão para fazer uma rosquilha para oferecer ao ceifão
8.
as mulatinhas do rio vão passear a Larano só no punho da camisa traz vara e meia de pano andai boizinhos de Deus, andai, lavrai as mulatinhas do rio foram ao mar se lavar acharam as águas frias não se quiseram lavar andai boizinhos de Deus, andai, lavrai minha avó mais meu avô foram-se lavar ao mar ambinhos numa pedrinha sem aguinha lhes tocar andai boizinhos de Deus, andai, lavrai minha avó mais meu avô foram-se lavar à bica a falta que o pobre tem o rico não acredita andai boizinhos de Deus, andai, lavrai
9.
eu fui lá plantar semilhas ao sítio da Maloeira e de lá trouxe o boizinho que me andava na feiteira quem era o dono do boizinho era o Manuel da Fajã para amarrar o boizinho foi com um atilho de lã trouxe o boizinho para o palheiro o palheiro deitou-lhe ao chão ao cabo de quinze dias já tocava na armação fui-lhe arrumar os adubos mas o praga nem deixava cheguei-me prá manjedoura aquilo é que era cabeçada a cama que o boi dormia era feita de carqueja para o boi dormir a seu gosto para não desgraçar a moleja e lá vendi o boizinho para o sítio da Madalena mas para sacar o boi foi sacado por empena o que pegava a cabeça era o mesmo criador era das canelas tortas tinha jeito e calor o boi chegou ao caminho e boi começou a urrar e diz o que vai ao rabo se ele morde eu vou largar diz o que vai à cabeça deixa-me o boi caminhar quando o boi chegou à Câmara os senhores da Câmara que vieram à janela e lhe apalparam o bilhar que fazia era os senhores forte carne para assar mas o animal está vivo não se lha pode tirar levei o boi para o calhau amarrei-o no socairo veio todo o mundo ver aquele grande tremedairo quando ele foi para bordo foi mesmo em pé na canoa e quando chegou a bordo chegava da popa à proa quando chegou à cidade já a cidade estremecia deram peças de combate e foguetes de alegria
10.
11.
nevoeiro, nevoeiro prendeste-me o meu cordeiro vai-te embora nevoeiro que o cabeço é o teu poleiro vai-te embora nevoeiro por as montanhas além vai-te embora nevoeiro que eu quero ver o meu bem vai-te embora nevoeiro numa rua sem saída por causa do nevoeiro a quase que perdi a vida vai-te embora nevoeiro nem sequer te posso ver pre me de ti nevoeiro estive arriscado a morrer

about

Este terceiro trabalho do Xarabanda pretende ser mais um passo na sua tarefa de divulgação da tradição musical madeirense. Em geral, segue as ideias-base de todo o seu projeto: adaptar a música tradicional, respeitando a sua essência. Houve neste disco a preocupação de realçar as sonoridades dos cordofones mais significativos - viola de arame, rajão, braguinha e rabeca. As faixas são baseadas em recolhas feitas, na sua maioria, por elementos do Xarabanda.

credits

released April 1, 1997

Músicos:

Angela Farinha
Helena Camacho
Isabel Gonçalves
João Viveiros
Norberto Cruz
Paulo Fernandes
Pedro Abreu
Roberto Moniz
Rui Camacho
Virgílio Caldeira

Músicos convidados:
Vítor Sardinha em "Chama Rita" e "Cantiga do Nevoeiro"

Gravado e misturado no Paulo Ferraz Studio entre fevereiro e abril de 1997
Técnicos de som: Luís Nunes e Tristão Câmara
Mistura: Luís Nunes, Rui Camacho e Virgílio Caldeira
Textos e fotos: Jorge Torres, Zé Camacho e Rui Camacho
Design gráfico: Horácio

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