1. |
Si Que Brade (Calheta)
02:55
|
|||
Si que brade, si que brade, si que brade
si que brade, si qu'a gente se me dá
a minha mantia ai, ai
o senhor como está, a minha ai, ai
não cases com mulher nova
que é o encanto dos maganos
qu'eu fui casar com uma velha
que tinha catorze anos
não cases com mulher nova
por causa da filharada
qu'eu fui casar com uma velha
que me trouxe uma ninhada
desfaça-se o céu em raios
acabe-se o mundo já
escape do adilúvio
a minha mantia ai, ai
|
||||
2. |
||||
o preto para casar
dá um anel à Carolina
dá-lhe um abraço e um beijo
fica casada a menina
o preto para casar
tem de comprar um dote
é casado com beijinhos
dura até à hora da morte
a preta p'ra dar à luz
chama pelo seu querido
responde o preto p'rà preta
que quero sofrer contigo
ontem tiveram um miúdo
é parecido com um pretinho
logo fizeram uma festa
comeram bolos e vinho
|
||||
3. |
||||
passarinho vai em bando
ver um anjinho tão lindo
e que a mãe no está embalando
contente em no ver dormindo
embala preto embala
embala-me este menino
ai ele não chora com fome
chora porque é pequenino
vai-te embora passarinho
deixa a baga do loureiro
ai deixa o menino a dormir
o seu soninho primeiro
quem tem meninos pequenos
à força há de cantar
ai quantas vezes as mães cantam
com vontade de chorar
|
||||
4. |
||||
ó Maria dá-me lume
que pedir não é pecado
dá-me uma brasa Maria
tenho o cigarro apagado
eu já fui agora não,
veneno na tua boca
p'ra tuas palavras loucas
tenho sempre orelha mouca
eu fui ao mar às garoupas
e pesquei no lageado
confessa-te alma perdida
do que me tens assacado
se fores ao mar, ao peixe,
olha que peixe apanhais
apanha-me a garoupinha
que é preixe de três sinais
eu fui ao mar de joelhos
de joelhos fui ao fundo
também se há-de acabar
a maldade deste mundo
ó mar tu és um leão
que a todos queres comer
não sei como podem os homens
as ondas do mar vencer
as ondas do mar lá fora
são grandes e amarelas
ai coitado de quem nasce
p'ra morrer no meio delas
debaixo do mar é lodo
debaixo do lodo é chão
debaixo de uma amizade
se descobre uma paixão
|
||||
5. |
||||
da serra veio um pastor
à minha porta bateu
trouxe uma carta que diz
que o Deus Menino nasceu
essa notícia tivemos
à meia noite seria
por isso nós vamos dar
os parabéns a Maria
também diz a tal cartinha
que a Virgem estava a chorar
por não ter uma roupinha
que O pudesse abafar
a carta diz que Ele está
nas campinas de Belém
numa caminha de palha
sozinho sem mais ninguém
eu vou correr a Belém
quem quiser venha comigo
fiquem os gados no campo
vamos ver o nosso Amigo
ó meu Menino Jesus
meu lindo amor-perfeito
se Vós tendes frio vinde
vinde parar ao meu peito
foste nascer numa gruta
entre brutos e pastores
podendo ser na cidade
entre bispos e doutores
nos braços da bela aurora
vejo o Menino brincando
com a mãozinha de fora
todo o mundo abençoando
|
||||
6. |
||||
daqui para a minha terra
é tudo caminho chão
ai é tudo cravos e rosas
que eu despus com a minha mão
seguimos seguimos avante
a caminho da nossa aldeia
ai mostrando as nossas rendas
e a nossa fina meia
os nossos nossos calções
os nossos pés delicados
ai os nossos corpos bem feitos
pelas damas desejados
o diabo leve os homens
enfiados numa linha
ai deitar o corpo lá fora
para engodo da sardinha
amarrei o sol à lua
na ponta de um guardanapo
ai o sol era mais pequeno
fugiu pelo buraco
o meu amor disse que vinha
quando a lua viesse
ai a lua já vai tão alta
e o meu bem não aparece
|
||||
7. |
Abadessa (S. Vicente)
04:20
|
|||
Abadessa tem três filhas
todas três para casar
venh' aqui p'ra me dar uma
para com ela brincar
eu não dou as minhas filhas
nem por ouro, nem por prata,
nem por sangue de Aragão,
e não dou as minhas filhas
do mosteiro em qu' elas 'tão
tão alegres que nós vínhamos
tão tristes que nós voltamos
pela filha da Abadessa
que daqui não levamos
volta atrás ó cavalheiro
por seres homem de bem
entra dentro do mosteiro
escolhe a que te quer bem
esta quero, esta não quero
esta quero, esta me dão
esta é o pão da cesta
esta é o vinho da Calheta
esta é a carne do acém
anda comigo meu bem
quem me dera um picão
p'ra picar este balcão
quem me dera uma joeira
p'ra joeirar esta eira
quem me dera um madeiro
p'ra picar este mosteiro
|
||||
8. |
||||
Já que estamos na repisa
vamos fazê-la bem feita
que o patrão fica contente
e a patroa satisfeita
ó i ó ai e a patroa satisfeita
debaixo daquele monte
'tá uma latadinha d'uvas
se ninguém for apanhá-las
vão-se perder de amduras
ó i ó ai vão-se perder de maduras
não te encostes à parreira
que a parreira larga pó
encosta-te à minha cama
sou solteiro e durmo só
ó i ó ai sou solteiro e durmo só
venha vinho, venha vinho
venha mais uma canada
quem quiser beber mais vinho
ponha a boca na levada
ó i ó ai ponha a boca na levada
venha vinho, venha vinho
venha também bacalhau
venha pão com peixe espada
tudo junto não é mau
ó i ó ai tudo junto não é mau
ó parreira dá-me um cacho
ó cacho dá-me um baguinho
quero fazer água pé
já que o meu pai não tem vinho
ó i ó ai já que o meu pai não tem vinho
|
||||
9. |
||||
menina, vamos à erva
que o cantar da erva lembra
minha mãe, não vou à erva
que o meu pai não tem fazenda
menina, vamos à erva
ao lado da minha horta
minha mãe, não vou à erva
que'a minha foice não corta
menina, vamos à erva
ao camalhão da levada
minha mãe, não vou à erva
minha foice está quebrada
menina, vamos à erva
ao canto da minha horta
é que'isto é tarde e não vou
que'a minha foice não corta
|
||||
10. |
||||
e ao apanhar o trigo
eu não escolho balanco
quem vai ser o meu padrinho
vai ser o de chapéu branco
chamaste as estrelas
c'a ponta da minha espada
comecei logo à noite
acabei de madrugada
chamaste-me corriola
embaraçada no trigo
eu nunca me embaracei
senão agora contigo
se não fosse a minha mãe
eu podia estar casado
já podia ter um filho
que me fazer um mandado
chamaste-me preta preta
se eu sou preta bem o sei
também a garrafa preta
serva na mesa do rei
|
||||
11. |
Streaming and Download help
If you like Xarabanda, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp