‘tava o rei no seu palácio, com sua felha à janela
cande passa o Rico-Franque – E ai que linda, quem ma dera.
- Ê nã dou a menha filha, nem a conde nem a marquês,
só darei pelo denheire que nã se contasse num mês.
Há instantes no palácio, lágimas de três em três:
- Se chore por pai e mãe, tu nunca mais tu nos vês;
se chore por tês irmãos, já nui matei todos três
- Não chore por pai nem mãe, qu’inda hoje o irei ver;
choro e à menha ventura, qu’eu não sei cuma vai ser.
- Sua ventura, senhora, ê bem poderei dizer:
é sentada numa almofada a fiar ou a tecer,
recostada nos meus braços que melhor não pode ser
- Menha ventura é essa, muite gostei de saber.
E o palácio do mê pai eu inda hoje o irei ver.
Impresta-me o teu punhal, o teu punhal inglês,
qu’eu quero cortar as fitas do laço, qu’a menha mãe fez;
que d’ua faç’ em duas e de duas faç’ em três
Rico- Franco, dde leale, à mão le foi entregar.
Ela de falsa traidora pa’ o Rico-Franco matar.
- Fica-te aí, Rico-Franco, alguém há-de te interrar.
- Ande, vindes, menha felha, que vens tão insaguentada?
- Eu matei o Rico-Franco, que me luvava enganada.
- Menha felha, s’assim foi tu serás abençoada.
No palácio do teu pai tu inda hoje serás c’roada.
- Meu felho, bem t’avisei. Meu felho, bem te avisava
qu’essas andadei de noite nã te davu baua fada.
Perde quem anda de noite, ganha quem anda de dia,
perd’ aqueles que tem anores, ganha quem dele se desvia.
A lost masterpiece of Brazilian music, from an artist who remains a mystery to this day, get second life via a glorious reissue. Bandcamp Album of the Day Sep 23, 2016